29 de abril de 2025

ChatGPT domina o Brasil, mas acesso à IA ainda é desigual entre classes sociais

Na classe A, 95% já utilizaram plataformas de IA, enquanto o percentual cai para 61% entre os pertencentes às classes C2, D e E. Crédito: Freepik

O uso de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) está crescendo rapidamente no Brasil, especialmente entre os mais jovens. De acordo com uma pesquisa da HSR Specialist Researchers, 83% dos brasileiros entre 18 e 24 anos e 84% dos que têm entre 25 e 34 anos já experimentaram alguma ferramenta do tipo. Apesar da popularidade crescente, o estudo aponta que o acesso a esses sistemas ainda é desigual, com diferenças significativas entre classes sociais e níveis de escolaridade.

Entre os entrevistados da classe A, 95% já utilizaram plataformas de IA, enquanto o percentual cai para 61% entre os pertencentes às classes C2, D e E. O grau de instrução também influencia: 80% daqueles com ensino superior completo já usaram essas soluções, contra apenas 31% dos que concluíram o ensino médio. Para Bruno Nunes, especialista em tech e CEO da Base39, a autoconfiança no aprendizado da tecnologia faz com que camadas mais privilegiadas adotem esses sistemas com mais facilidade. Esse cenário pode aprofundar desigualdades, já que o conhecimento dessas ferramentas se torna cada vez mais valorizado no mercado de trabalho.

“A IA generativa é, de fato, uma ferramenta poderosa que, embora ainda esteja em fase inicial de implementação no país, já começa a mostrar seu valor. Para avançarmos, é necessário investir em políticas públicas e capacitação, de modo a maximizar os benefícios dessa inovação”, afirma Nunes.

Plataformas utilizadas

Quando se trata das plataformas mais utilizadas, o ChatGPT lidera a preferência, consolidando-se como a principal referência para os brasileiros. A surpresa fica por conta da Meta AI, que ocupa a segunda posição no ranking. Sua integração ao WhatsApp facilitou o acesso, especialmente para um público mais velho, que antes não utilizava esse tipo de tecnologia com tanta frequência. No entanto, o levantamento também revelou dificuldades no uso dessas ferramentas: muitas pessoas ainda encontram barreiras para compreendê-las e integrá-las ao dia a dia profissional. Usabilidade e facilidade de operação foram os principais fatores apontados como critérios para a escolha de uma solução.

Apesar dos desafios, a percepção sobre o impacto dessas inovações é amplamente positiva. Sete em cada dez brasileiros (70%) acreditam que a tecnologia terá um efeito benéfico em suas vidas pessoais, enquanto 73% avaliam que ela trará melhorias para o mercado de trabalho. Já em relação aos impactos globais, como no meio ambiente, a confiança é menor: 65% dos entrevistados enxergam benefícios. Esse número, apesar de relativamente alto, pode ser explicado pela falta de conhecimento sobre o alto consumo energético dessas plataformas.

“A adoção massiva da IA generativa deve ser encarada com cautela e sustentada por uma abordagem ética sólida. Não basta injetar bilhões em uma tecnologia promissora sem considerar suas ramificações na sociedade. O futuro da inteligência artificial é brilhante, mas também deve ser justo e inclusivo para todos”, conclui Nunes.

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