30 de abril de 2025

Compras internacionais ficam mais caras com aumento de taxação do ICMS em abril

A elevação da alíquota preocupa especialistas que enxergam na mudança um risco para a competitividade das plataformas de compras internacionais. Crédito: Jarmoluk/Pixabay

No dia 1º de abril, mais um capítulo da taxação de compras em plataformas internacionais entrará em vigor no Brasil. Após a ampla discussão sobre a famosa “Taxa das Blusinhas” no final de 2024, o tema volta aos holofotes, agora por um motivo diferente: o aumento do ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços).

Antes fixado em 17% sobre compras internacionais, o imposto subirá para 20%, conforme anunciado pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal.

O ICMS é um imposto cobrado de maneira integral para o consumidor final, afetando diretamente os grandes e-commerces chineses, como Shopee, Shein e AliExpress. Na prática, um produto importado que custa R$ 100, antes, com o ICMS a 17%, saía por R$117. Após a alteração, com a alíquota elevada para 20%, o mesmo item passará a custar R$ 120.

A elevação da alíquota preocupa especialistas que enxergam na mudança um risco para a competitividade das plataformas de compras internacionais.

“O aumento do ICMS representa um desafio para as plataformas de e-commerce internacionais porque o acréscimo na alíquota encarece diretamente os produtos, reduzindo a competitividade das varejistas estrangeiras e impactando o volume de compras dos brasileiros.” avalia Rodrigo Giraldelli, CEO da China Gate, especialista em importação China/Brasil.

187 milhões de remessas internacionais em 2024

Segundo dados da Receita Federal, em 2024, foram registradas 187 milhões de remessas internacionais, uma redução de 11% em relação a 2023. Uma análise mais detalhada, obtida por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelou que a “Taxa das Blusinhas” impactou diretamente o mercado, resultando em uma queda de 40% nas importações de produtos de até US$ 50 no primeiro mês de vigência da taxação.

A tendência de queda nas compras internacionais tem sido reforçada por recentes dados do programa Remessa Conforme, que indicam uma redução no volume de pacotes processados. Em janeiro de 2025, o número de pacotes ficou em torno de 11 milhões, uma queda de 27% em relação ao ano anterior, e 43% abaixo do maior volume já registrado.

Além disso, o valor financeiro das transações também caiu 6%, apontando que a nova tributação já está afetando a dinâmica do comércio internacional.

“O objetivo do governo é proteger o comércio brasileiro e fortalecer a economia do país, além de gerar mais receita com os impostos arrecadados e equilibrar a concorrência entre o varejo nacional e os e-commerces estrangeiros.” explica Giraldelli.

A longo prazo, a taxação de compras internacionais gera a necessidade de ajustes estratégicos por parte das empresas internacionais, seja na precificação, na logística ou até mesmo na forma como operam no Brasil.

Como é o caso da Shein, que tem adotado medidas para adaptar sua operação, como a abertura de cadastros para vendedores locais e a ampliação de sua malha logística com a expansão das suas operações para cinco estados adicionais, além dos já atendidos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

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